O poeta

Talvez eu seja um remendo

de palavras jogadas pelos cantos,

de palavras jogadas ao ar,

de qualquer forma de palavrear.

Talvez só me componha de retalhos

meros pedaços descartados

a qual os outros fazem pouco caso

enquanto eu insisto em juntar.

E paira-me a dúvida de que também

eu seja apenas um andarilho dentre as letras,

um pobre ser perdido e aquém

diante de tudo que não se é escrito, descrito...

E todo dia ponho-me diante delas,

das palavras hostis, ou mesmo das discretas,

e lapido poemas em meio a dilemas

polindo os defeitos que saltam de minha caneta.

E por mais que eu trabalhe com as palavras,

não acho que me são fardo elas

pois tanto preciso delas

que não me permitiria cansar em tê-las.

E acho que elas são parte da cura,

pois me são como antídotos em abundância

que trabalham da forma mais pura

contra o veneno abrupto da ignorância.

Quem sabe então além de poeta

eu até talvez seja um pouco médico,

engenheiro, advogado

e tudo isso sobre o honorável mérito

de tudo com as palavras poder ser abordado.

Camila Trideli
Enviado por Camila Trideli em 25/06/2008
Reeditado em 25/06/2008
Código do texto: T1050626