A rua das mansões
Acaso não vês as casas?
Acaso não percebes os segredos?
Das moradias pálidas e decoradas,
de sutilezas dedo a dedo.
Acaso não vês as ruas?
Acaso não percebes os ladrilhos?
Só são para ilustres que os toquem,
jamais para pobre andarilhos.
Acaso não vês as lâmpadas?
Acaso não percebes a luminescência?
Têm uma essência de que o dia não partiu
e olhando-as bem acreditas com uma certa inocência.
Acaso não vês as pessoas?
Acaso não percebes o seu portar?
Portam sorrisos discretos, cumprimentos singelos,
até parecem ter medo de que as percebam falar.
Acaso vês algum agouro?
Acaso percebes alguém murmurar?
Se alguém parte, cumprimentam uns aos outros,
não se ouve choro, não se percebe pesar!
Acaso, aqui, vês além de fidalgos?
Acaso percebes que ainda existem?
Neste lugar continuam com sua postura célebre
e convenhamos que menos célebre, mais triste...