Ato de parir

Bico de pena, candente e afogada,

De tanto ir e vir ao vidro.

Em seu útero se fez de tinta impregnada.

E assim, aos pingos, grávida, engolfada,

Sustenta-lhe a geradora mão.

Impaciente, quase indignada.

Parteira e poeta,

Numa rápida flexão,

Certeira, correta,

Como se a cortar do umbigo o cordão,

Traz ao mundo, às palmadas,

sutis rabiscadas,

Sem qualquer medida,

Em papel pouco alinhadas,

Sempre uma nova vida,

Embalada em histórias quase esquecidas,

Parindo sua prole, linhas sentidas.

luis roberto moreno
Enviado por luis roberto moreno em 21/06/2008
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