Alma e Anjo...

No escuro da noite

Coberto pela escuridão

Vou caminhando

Pela rua escura

A todo instante

Sem parar

Olho em volta

Sinto o perigo

A me seguir

Ouço passos

Apressados

Na calçada

Pelo som

Do salto

É mulher

Olho e não vejo nada

Só o som a me seguir

Desarmado continuo

A caminhar sem parar

Um galo ao longe canta

Um outro responde

Um cachorro late

E um gato

Atravessa a rua

Atrás de mim

Só pude ver

Seus olhos

Em chamas

Os passos pararam

E eu continuo a andar

Avisto à minha frente

Um bar

Paro em frente

Olho e entro

Peço um conhaque

De uma mesa

Um cara se levanta

Parece familiar

Aproxima-se

Estende a mão

E pergunta

E ai Poeta que faz por aqui

Trouxe alvará?

O Dono do bar

Chega com o conhaque

Eu ofereço

A bebida

O cara agradece

Eu tomo um gole

E respondo a pergunta

Sou poeta

Não preciso de alvará

Meu verso é passaporte

Pra qualquer lugar

Ele sorri

E responde

Valeu Poeta

Bebe outro?

Claro que bebo

Com o frio que está

Só bebendo uma pra esquentar

Ouço os passos

O som do salto

Na calçada

É da mulher

Que vinha

Pela rua escura

Logo atrás de mim

Ela entra

Todo mundo olha

Eu não olhei

Deve ser linda

Pelo olhar dos homens

Que estão no bar

O cara que fala comigo

Puxa um banquinho

E me apresenta

Alma este é o Poeta

Que às vazes encontro

Lá no Puppy

Um bar da Paulista

Ela é um monumento

Eu a comprimento

Ela sorri estendendo-me a mão

Quentes, finas e macias.

Eu a olho

Ela sorri e diz

Eu o seguia

Mas quando o gato preto

Atravessou a rua

Eu me assustei

E parada fiquei

Um bom tempo

Até me recuperar

Ai eu falei

Quando você parou

Pensei que havia

Chegado em casa

Ela virando-se para o cara falou

Anjo tomei um susto

Com o gato preto

Ai lembrei, o nome do cara,

Angenor era o nome dele.

Ai falei

Anjo e Alma legal

Combinam

Eles riram

E três conhaques

Foram servidos

Bebemos

Ele o Anjo perguntou

Para onde eu ia

Vou para a Lapa

Ele perguntou

Se eu queria carona

Falei que sim

Pedi a conta

Ele disse que era dele

E em tom de brincadeira falei

Depois do susto

Da sua Alma

Só um Anjo

Pra me salvar

Ela riu e disse

Mas, que falou.

Que você esta salvo

Eu ri

Ele riu

Pagou a conta

São e salvo

Em casa me deixou

Nem só de desgraças

É feita a vida

Boas coisas

Acontecem

De vez em quando

ABittar

poetadogrilos