Estrada Real
Antiga estrada na montanha encravada.
Nela, a cada momento, a morte espreita.
Sinuosa, barrenta e estreita,
Paciente e sempre lenta,
Lá onde a riqueza já não mais grassa.
Assim por ela ainda se passa.
Bretes e picadas,
Encravadas a sombra de mata ciliada.
Natureza ainda hostil,
Bordada por fios d’agua,
Cortam o leito daquela velha estrada.
Da província distante,
Rica em ouro
Miinas de diamantes,
Mirando a corte, austera e elegante,
Por ela a caminho iam:
Barões das lavras;
Senhores e seus negros de canga:
Molambos de carga;
Mascates com suas bugigangas,
Empilhadas no tempo
Seguiam, todos, em lombo de mulas e jumentos.
Estrada do rei, vicissitudes duma época,
Do Brasil colônia à república,
Jornada quase épica,
Daquela denominada a primeira via pública.