Estrada Real

Antiga estrada na montanha encravada.

Nela, a cada momento, a morte espreita.

Sinuosa, barrenta e estreita,

Paciente e sempre lenta,

Lá onde a riqueza já não mais grassa.

Assim por ela ainda se passa.

Bretes e picadas,

Encravadas a sombra de mata ciliada.

Natureza ainda hostil,

Bordada por fios d’agua,

Cortam o leito daquela velha estrada.

Da província distante,

Rica em ouro

Miinas de diamantes,

Mirando a corte, austera e elegante,

Por ela a caminho iam:

Barões das lavras;

Senhores e seus negros de canga:

Molambos de carga;

Mascates com suas bugigangas,

Empilhadas no tempo

Seguiam, todos, em lombo de mulas e jumentos.

Estrada do rei, vicissitudes duma época,

Do Brasil colônia à república,

Jornada quase épica,

Daquela denominada a primeira via pública.

luis roberto moreno
Enviado por luis roberto moreno em 20/06/2008
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