REINSERÇÃO
"Entre os anos de 2003 e 2004 estive lecionando inglês em uma ONG cujo propósito era a reinserção social de pacientes portadores de distúrbios mentais.
Estava eu no áuge do meu encanto com os estudos sobre metodologias didáticas aplicadas ao ensino de idiomas e, diante desta experiência, posso afirmar que minhas bases foram radicalmente modificadas.
Em certa ocasião, diante da minha frustração por não conseguir ensinar realmente o idioma a esses alunos EXCEPCIONAIS, minha coordenadora Daniela Beraha me disse: "Acho que você já percebeu que o objetivo primordial aqui não é ensinar-lhes inglês, mas sim fazer com que eles despertem o interesse em se reinserirem na sociedade."
Este poema escrevo hoje (20/06/2008), quando de uma reflexão sobre o tema."
Reinserção
Pupilos, por sua gana de voltar ao meio que os exclui
Aprendizes não do sujeito, qualquer fôra este, tivesse ou não
nem das estruturas, por não tê-las, em nenhuma esfera
Senão das coisas instintivas: a palavra, a lágrima, o sorriso
Das coisas que os indiferentes deveriamos reaprender
E as mentes fragmentadas dão a cara a bater, o que tem a perder?
Suas vidas fragmentadas como o cristal que tanto valor tem a nós,
quebrado, instransponível aos olhos dos que apenas vêem os cacos,
e que a eles custa tanto juntar e colar fora de ordem?
As tristezas os alcançam, talvez um pouco mais que a nós
Ou talvez não saibamos o quão mais, ou não queiramos perceber
E as alegrias, ah.. estas sim não faltam, e são completas
São suas jóias, abundantes e que fazem tanta questão de emprestar
E ao mestre, com todo o carinho que não exitam em doar -
Frustrado este, sua didática medida, pesada e julgada insuficiente -
Ensinam a lição que nem estudo ou mestre literato
Jamais lhe daria por mais merecedor, ou mais doutrinado fosse
E em curso de imersão...
Mas isso não se (a)prende em palavras...