Bolero
Começa tudo tão sutil...
Forma que não dança,
Tímida,
Apenas caminha
Lentamente...
Passeia...
Sobre o meu divagar.
Depois o passo se apressa
E tudo caminha
De um jeito vulgar.
(Poderia ser ópera se eu estivesse pensando.).
Tudo era tão frágil
E a “Era Frágil” não dura
Passa...
Passa a passar...
Caminha,
Apenas anda
E já num outro compasso
Apressa os passos
E começa a correr
Corre...
Corre por mim...
Por hora parece dançando
Mas, quer me matar...
Quer me matar!
Pisa tão forte
Repete tudo
Agora tão forte
Fazendo do meu espaço,
Começo e fim,
Seu meio...
Começa a dançar
Ora no quente,
Ora no externo
Sempre assim...
Ora frio,
Ora interno
Quer repetir...
Quer sair novamente
Para depois repetir os passos
E me adentrar...
Quer me matar!
Vai me matar!
Eu começo a tremer,
No seu fim,
No seu meio,
No seu começo,
No seu fim
Que não tem...
No seu fim que não tem.
Paro.
Olho.
Tremo...
Parece que tudo quer gemer...
Quer me matar.
Para.
E durmo
Enquanto parou.
Lívia Noronha.
Belém, 13 de junho de 2008.