Alva Manhã
Hoje o dia desperta vagaroso, quase temeroso
Olha em volta, em cada ponto
A fria noite vai saindo sem deixar marca
O sol, amante do que é novo, renasce
É ao som de uma nobre canção
Quase sente ter coração
Ao ver que sente saudade
Do que pode ser verdade, enfim...
Sim, todos nós, voluntários destruidores da beleza
Inimigos da natureza
Filhos sem rumo nem alusão
Farsantes visionários de um tempo morto
Celebramos nossa loucura
Festejamos nossa Insidiosa gana
Pisamos na grama
6:30 da manhã ...
Paro frente a janela
Ponho meu jeans, visto minha máscara
Saio pelas ruas, sem uma única razão
Choro por dentro, fingindo sorrir
Ninguem me vê, morrendo aos poucos
Nem mesmo sabem quem sou
Faço uma canção, talvez pra gritar liberdade
Ah, juventude, infinitude, o eterno medo de tudo ser um engano
Eu escrevo odisséias, peripécias
Sou poeta, pra não dizer fugitivo
Sou meu maior inimigo
Ou um bom amigo
Surto de memória
Lágrima divina
Flores à rotina
Ao meu amor à elegia
À simples melodia, desses dias vazios...