Sem título
Cheguei ao chão
e de chão fiz meus pés
Tornei-me estrada
Fiz céu da minha dor
e havia Maria
em toda parte
Um menino preso ao chão
com um badoque na mão
olhando para o céu
Mira o moleque
com jeito de quem
sabe da chuva que vem
Se perde o menino
mundo a fora
sem rumo nem prumo
Menino de chão
Em que rua nos vimos, menino?
Por qual caminho nos lançamos
até nunca mais?
Em que rua
demos as mãos
sob o mesmo céu?
Quando fomos
nossa dor
e nos sentimos chão?
Somos hoje, menino,
um país
de céu e estradas
e Maria
num certo dia choveu
e nos encheu de rios
que nos cortam
que nos sangram
que nos lavam