Os muros do vento

Amanhece e o sonho continua

com a mesma fúria e a mesma loucura,

essa luz tão fria atravessa minha janela...

nesse momento eu sou a música,

o grito desesperado das esquinas,

das ruas,

dos portos longínquos,

das pedras,

das mãos...

eu corro, eu sou o vento,

tão sozinha, encontro cegos,

encontro amigos, encontro tudo que é anormal,

encontro as unhas do mal...

as ruas são muitas,

eu não tenho medo de nada mais,

eu corro, eu sou o vento

ensurdecendo seus ouvidos...

no meu ódio,

na madrugada fria,

quase dia,

com essa luz azul

que cega os olhos e liberta as mãos.

Essa noite eu sonhei com o mundo,

era quase nada;

mas o que é o nada

além de uma estrada...

cheia de muros e escadas...?

Os muros do vento... meus muros!