Matéria é Engodo

Um asco me molesta,

importuna como farpa.

Fátuo pra mim é coisa,

coisa pra mim é nada.

Um nuto altivo é fútil,

nem acrescenta nem ampara.

Exibe-se como um inútil.

Se esconde, mas não mascara.

Ferino é o sorriso,

que oculta sua verdade.

É como esforço impreciso,

é putrefação e maldade.

O que existe detrás da vida,

se a dor que é sentida agora não fere mais?

Inexiste a afeição,

se a matéria predomina.

A lama não cura não,

nem passa com endorfina.

Como uma chaga no sentir.

Insônia da quietude .

Açoita até grunhir.

Inuma a pulso rude.

Cria então couraça.

Nos viola como ranço.

Agora o mundo é traça,

que traça o que não é manso.

O que triste lhe fazia,

se aquilo que feria agora já não existe?

Águia Ravel
Enviado por Águia Ravel em 16/06/2008
Reeditado em 26/02/2014
Código do texto: T1037343
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