Alusão à despedida a um amigo
Algum dia tu serás poesia em papel
que cobrirá tal como o céu
sentimentos de saudade latejantes
no coração de alguém que te ame.
E será o dia, em que se despedirão de ti
e mencionarão bons feitos teus antes de partir
e decerto escreverão algo considerável
em um epitáfio teu bem apresentável.
E ainda demorará, pois estarão lá teus netos
que bem de perto, vão dar-te um buquê de rosas
e pensarão eles, e estarão bem certos,
que certamente irás para um lugar de glória.
E eu bem sei dos teus feitos honoráveis
e da tua descrição em não revelá-los
mas também sei dos teus erros intragáveis
e de tua igual descrição em não lembrá-los.
Mas eu é que não poderia esquecer-me
do teu empenho em busca de compensações
e tão pouco poderia abster-me
da lembrança dos teus atos redimísseis.
E eu aqui, meu grande amigo,
nem sei em que parte estarei contigo
de ti almejo, só, que antes de ires, na tua memória,
não me seja reservada nela, a parte de escória.