Longo poema recorrente...

Já passei frio

Já passei fome

Na cidade

Que não dorme

Já vi o contraste

Do bem e do mal

Já sei o que é

Ficar engarrafado

Numa enchente

Na Marginal

São Paulo

É um pouco assim

Amor e ódio

A primavera e o verão

O outono e inverno

Acontecem num só dia

Em qualquer estação

A pressa, o corre corre

Mexem com a emoção

Tudo é muito

Tudo é demais

São Paulo

É o mundo

O mundo todo

Todo numa só cidade

São Paulo

É um pouco assim

Não fale mal

De São Paulo

Perto de mim.

A.Bittar

Já passei frio

Já passei fome

Quem diria

Na cidade

Que não dorme

Do corre corre

Que não pode parar

E eu parado olhando

O nada de algum lugar

Na Avenida paulista

Na escadaria cartão postal

Que tem a Antena

Que tem a sirene

Que dá meio dia

Todo dia

Faça chuva

Ou faça sol

Parado espero

Agora, o farol abrir

Para a vida seguir

E ir até o metrô

Pegar o trem

Saltar do trem

Ir mais além

Do terminal

De Madalena

Não a Santa

Nem a outra

A Vila

E da Vila

A Lapa

A casa

O Apê

A Preta

O rango

O cigarro

O banho

A cama

O sono

O sonho

E o recomeçar

Tudo de novo outra vez

E outra vez........

A.Bittar

Augusta

São João

Ipiranga

Consolação.

Não é só isso.

Viaduto do Chá

Anhangabaú

Rua Direita

Praça Ramos

São Paulo não é só isso não.

Oscar Freire

Faria Lima

Vila Madalena

Avenida Paulista

São Paulo

Não é só isso não.

Freguesia do Ó

Brasilândia

Itaquera

Pirituba

São Paulo

Não é só isso não meu irmão.

Osasco

Guarulhos

Santo Amaro

São Miguel

São Paulo

Não é só isso não

É mais....

É muito mais...

Já pensou em muito?

Põe um monte em cima desse muito

E ainda é muito mais......

A.Bittar

Frio

Fome

Pobreza

Tristeza

Miséria

Trabalho

Pressa

Corre corre

Multidão

Miscigenação

Todas as raças

Todos os credo

Tudo é muito

Nada é pouco

Muito mais

Cada vez

Chegam mais

Bocas

Para alimentar

Falar, reclamar,

Gritar,

Assim não dá!!!

E nem param

Para pensar

Que daria, se

Não fizessem

Tantos filhos

Que não

Podem alimentar

Futebol,

Alegria do povo.

Carnaval,

Festa do povo.

São Paulo,

Terra boa.

Garoa,

Água boa.

Enchente

Engarrafamento

Calor

Poluição

Confusão

Lixão.;

Crianças carentes

Catando o pão

Ninguém

Para dar a mão

Todos ignoram

Fingem não ver

Que é preciso

Dividir o pão

Dar a mão

Olhar nos olhos

Dos irmãos

Não queremos

Esmola

Queremos

Escola

Oportunidades

Iguais

Somos

Humanos

Seres

Humanos

Não somos

Invisíveis

Não adianta

Virar a cara

Fingir não ver

Não vai resolver

Somos um problema, sim.

Que tem solução.

Pare...

Pense...

Reflita...

Antes que...

A massa aflita.

Faça da mão

Uma arma

E da vida

Uma merda

Maior do que já é!!!

A.Bittar

Na cidade

Que não dorme

E não pode parar

Sentimos fome

Passamos frio

Conhecemos:-

Pobreza, tristeza, miséria.

Com pressa

No corre corre

Procuramos trabalho

Mas, é dura a competição

Somos mais de dois milhões

De desempregados

Quase todos na mesma situação

O ano esta acabando

As festas estão chegando

As ruas estão lotadas

Transito engarrafado

Calor, poluição, suor

Calçadas apinhadas de gente

E mais, sempre chegam mais

De todos os lados e lugares

Possíveis e imagináveis

De onde essa gente vem?

Todas as raças

A miscigenação

Todos os credos

Credo que confusão

Tudo é muito

Tudo é grande

Tudo é demais

E muito mais

Vem chegando

Bocas famintas

Para alimentar,

Falar, reclamar

Gritar...

Vai Vai

Rosas de ouro

Camisa verde

X- 9

Leandro

Gaviões da Fiel

Carnaval

Festa do povo

E nos feito bobos

Cai a garoa

A terra é boa

Mas não dá nada

Pois, só tem

Asfalto e concreto

Plantados no chão

Calor, poluição,

Enchente.

Barraco arrastado

Na enxurrada.

Colheita perdida

Safra perdida

Campo alagado

Boiá-fria

Sem trabalho

Sem cana

Para cortar

Sem café

Para colher

O campo se esvazia

E em outros campos

A bola rola

Morumbí

Canindé

Paacaembú

Estadios

Viram arenas

E os fiéis

Independente

Mancha

Peixe

Macaca

Porco

Degladiam-se

Gritam goooooolll

Extravasando

Seus traumas

Suas neuras

Sua taras

Limpando sua alma

Defrontam-se

Confrontam-se

E matam e morrem

Por nada

Ninguém

Ganha nada

Apenas o grito de:- C a m p e ã o

Mas tudo pode mudar

A esperança venceu o medo

O tempo mudou

Queremos acreditar

Que tudo vai mudar

São Paulo não pode parar

Fizemos a nossa parte

Queremos comemorar

"Já podeis da Pátria filhos

Ver contente ó mãe gentil".....

ABittar

poetadosgrilos