DA HUMANA CONDIÇÃO * Ecce Homo

Comigo, o conflito.

Enfrento o dilema,

escrevo o poema,

em mim acredito.

Porque outras não tenho,

sou eu, nestas horas.

Invento as auroras

na angústia do lenho.

Da paz não conheço

nem asas nem canto.

Só iras levanto

no tempo do avesso.

Da fome sem pão

à sede sem água,

do tempo da mágoa

ao da perdição.

Rasgando as estradas

à luz da evasão,

esmago no chão

um tempo de nadas.

E vou, neste abraço,

abrindo horizontes

de pão e de fontes,

no tempo e no espaço.

Se eu for só mais um

nos todos que houver,

o quanto eu quiser

há-de ser comum.

E findo o conflito,

e nulo o dilema,

o Homem poema

será o seu mito.

Lisboa, 21 de Janeiro de 2006.

José Augusto de Carvalho
Enviado por José Augusto de Carvalho em 25/01/2006
Reeditado em 28/12/2018
Código do texto: T103532
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