Instâncias

É já na 1ª Instância

que se intromete um Recurso

e se entra na toca do Urso,

que é bicho que aqui não tem;

do Oiapóqui ao Chuí,

passando por Xerém.

Aqui tem a mosca da Malária,

Trocadora ou Comissária

do "Busão" da Candelária.

Do buraco sem fundo,

por onde some

o menino que não come.

Na 2ª Instância

qualquer veredicto

acontece sem pressa.

O crime foi esquecido

e silenciou qualquer alarido.

E se à 3ª Instância chegar,

tanto faz.

O que passou, passou.

Logo acontecerá alguma festa

e mais sorvete na testa.

Continuarão as falcatruas.

E o clamor das ruas

sempre será Passageiro.

Não chegará ao próximo Janeiro,

(que dirá a Fevereiro . . .)

Sem-Terra versus Grileiro

e Índio versus Garimpeiro

nesse Pindorama alvissareiro,

onde só vale o tamanho do dinheiro

e o interesse do Interesseiro.

Aquele, que vendeu o Bonde ao Poeta Mineiro

e os sonhos ao travesseiro.

Isso aqui ô ô . . .

ainda é o quintal do Sinhô,

que, às vezes, permite-nos

dançar o samba-funk e alguma bravata.

Até seguir alguma passeata.

E o "Povo Unido" quer cirurgia de Catarata,

asfalto, esgoto, arroz e batata.

Também quer a tal de Cidadania

que aprendeu na "Escola de Lata".

Chegados à última Instância,

não há recurso.

O "SUS" não cobre mudança de Curso.

Só de Sexo.

Fica aqui, aliás, um generoso amplexo

ao Conservador Perplexo.

Resta a "Poesia Moderna".

Sem métrica, rima ou nexo.

Resta Édipo sem complexo,

luz e reflexo

do punitivo desejo

de que o culpado fique preso.

Que Tebas seja purificada

e a indignação seja mitigada.

Resta, ainda e talvez,

achar um motivo

para se continuar nesse Trem-Coletivo

que carrega o Homem Semi-Vivo.