Pedra filosofal

Desço as curvas das tempestades

E um corisco ilumina meu ser esquálido.

Fundindo a sombra do meu eu

Ao mesmo eu que se deu...

Na troca justa de pomares licorosos

Ao tempero de lares belicosos.

Guerra e paz fazem um aceno

Na trégua de momentos infinitos

Vago solitária por universos distantes

Procurando a sombra do meu próprio eu

Incrustado no meu semblante opaco.

Translúcido me resta o coração

Talvez por opção...

Ou por falta de luz que lhe afague a vida.

Um ligeiro pensamento atravessa o vácuo

E se desintegra na pressão do espaço.

No encontro com a sua alma vazia

Esqueci de me achar...

Me perdi de vez pelas quimeras

Me encontrando nesse pulsar

Como o retumbar dos tambores

Que em meu peito veio se abrigar.

Vou cavalgar as ribanceiras dos abismos

Até encontrar a mesma sombra pálida

Que um dia deixei ficar...

Parada ali, quase inerte...

No assombro da luz do luar...

Mergulharei em seus olhos tristes

E acariciarei suas lágrimas cansadas

Onde repousa minha fonte perdida...