VOU EMBORA
Vou embora,
Como o vento que bate e embala
Que parte para o centro de onde não se sabe...
Vou embora,
Carregando na memória
As sementes das conquistas
Em um universo de derrotas,
Feitas em fúria dor e mágoa de mim mesma,
Sombra do silêncio
Quando me faço grande por fora
Mas por dentro avesso da tristeza.
Vou embora,
Aos tropeços agarrando-me ao nada
Mas deixando como herança mágoas
Por partir só e não deixar
Uma verdade no canto da alma.
Vou embora,
Vou sorrindo e banhando-me em segredos
De minhas alegrias e meus medos
Camuflados nas perdas
Que não consigo esquecer
Quando a tristeza torna-se um mar,
Mar de saudade, mar de afetos,
Mar amargo, mar amado,
Mar de muitos amores
De tantas dores que os cotovelos
Não agüentam mais,
Por ser mar de ilusões ,
Mar onde navego até perder-me de vista
Nas fragilidades das lembranças e conquistas...
Vou embora,
Pois vim ao mundo a passeio
Mas perdi a memória
Ao plantar as sementes
Que os olhos da vida
Ensinou-me a semear .
FLORIPA / SC 26.03.96