VOU EMBORA

Vou embora,

Como o vento que bate e embala

Que parte para o centro de onde não se sabe...

Vou embora,

Carregando na memória

As sementes das conquistas

Em um universo de derrotas,

Feitas em fúria dor e mágoa de mim mesma,

Sombra do silêncio

Quando me faço grande por fora

Mas por dentro avesso da tristeza.

Vou embora,

Aos tropeços agarrando-me ao nada

Mas deixando como herança mágoas

Por partir só e não deixar

Uma verdade no canto da alma.

Vou embora,

Vou sorrindo e banhando-me em segredos

De minhas alegrias e meus medos

Camuflados nas perdas

Que não consigo esquecer

Quando a tristeza torna-se um mar,

Mar de saudade, mar de afetos,

Mar amargo, mar amado,

Mar de muitos amores

De tantas dores que os cotovelos

Não agüentam mais,

Por ser mar de ilusões ,

Mar onde navego até perder-me de vista

Nas fragilidades das lembranças e conquistas...

Vou embora,

Pois vim ao mundo a passeio

Mas perdi a memória

Ao plantar as sementes

Que os olhos da vida

Ensinou-me a semear .

FLORIPA / SC 26.03.96

Marcia Pereiras
Enviado por Marcia Pereiras em 10/06/2008
Reeditado em 19/12/2016
Código do texto: T1028443
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