“QUO VADIS”??
– De onde vens?...
– De-cantar a Vida...
– Mas a qual Vida é que te referes?
À vida dos prazeres tresloucados,
À vida e ganância de Poder?
Vida de Ter?...
– Não! Eu represento os simples,
Os sem voz e vez, os desgraçados,
Os que ficam à margem dos caminhos
Os que nada têm, mas que são sábios...
– Eu sou a Voz dos “miseráveis”
Que teimam ser honestos neste mundo podre,
Os que acreditam falar só a Verdade,
E que Amar é bem mais que possuir...
– Eu sou a Voz das crianças que não falam
E mendigam o pão à luz do dia;
Sou a Voz das meninas exploradas
Que vendem corpos em vidas vazias...
– Eu sou a Voz do tão pequeno grupo
Que ainda crê na ética e na Vida!
Eu sou a Voz dos desesperados
Que querem emprego em troca de comida!
– Eu sou a Voz dos velhos maltrapilhos
Mendigando na beira das calçadas...
Eu sou a Voz dos desvalidos
Nas filas, em plenas madrugadas,
Esperando que alguém os vá atender...
– Eu sou a Voz do velho professor
Que ensinou o que sabia, com amor,
E agora, velho, está quase a mendigar,
Aposentado... e sem ter um lar...
– Eu sou a Voz dos que passaram fome
Para estudar e aprender a Ser,
Por isso mesmo, marginalizados,
Por ignorantes, que só sabem “Ter...”
– Eu sou a Voz do médico “idiota”
Que tratou a todos em seu consultório,
Sendo excomungado pela sua classe
Sem o seu direito do contraditório!
– Eu sou a Voz daquele sacerdote
Que passou a vida obediente a tudo;
E, num momento de fraqueza, inglório,
Foi condenado... só por um pecado!...
– Eu sou a Voz... Voz de tantas vozes...
Eu denuncio a hipocrisia,
A falsidade e toda a mentira,
A bajulação e o “quê” do “Quem Indica...”
–Eu denuncio as fraudes, a imponência
Dos que pensam ser mais do que os outros
Pela aparência, pelos bens e roupas...
Eu sou a Coragem e a Fé dos que não têm...
– Então me diz, para onde vais,
com os pés sangrando e o sangue a escorrer?
– Eu vou de novo a Jerusalém
Para ser crucificado... outra vez!...