BEIJOS E NAVIOS
Algo em mim adoeceu porque nem sequer sinto saudades
Minha alma morreu antes do corpo, pois não queimam os beijos
Não se acendem as paixões
O vulcão das emoções dorme inofensivo
Algo em mim apodreceu e a carne não dói em angústias
O sangue talhado dos desejos em flor
Abandonados na solidão da praia
No horizonte as luzes de navios fantasmas
Guiam morcegos comedores de olhos
Os tubarões jantam cérebros
A sereia canta uma canção para atrair barcos à vela
E brincar de deixá-los correr em direção dos esgotos
Da cidade insensata
Algo em mim entrou pelo esgoto
Porque nem sequer sinto frio