TÃO REAL
Realidade é o que você vê?
Ou o que eu vejo?
É estar perto, tanto
que nos diluímos no todo
e nos perdemos no dedão do pé?
É remar contra a maré?
É pensar que o corpo contém,
a salvação do tédio...
É estar a caminho e sempre
encontrando e perdendo,
apenas passando e lendo
em novos corpos, a mesma
fórmula incompleta,
bebendo da mesma água,
em diferentes fontes
e nunca tendo nas mãos
mais do que cheiro e gosto
e a carne saciada ...
Um corpo real de ver e tocar
desaparece em tanta presença
é ofuscado pela luz intensa
do fogo que queima as entranhas.
Ter vida real é sentar sobre
as pedras, até doer a bunda ?
Ser real é ver seus resíduos
descendo pelo ralo da pia,
comendo a ração do dia,
queimando as tripas?
Andando com pés cansados,
com olhos perdidos e sôfregos,
as carnes entrincheiradas
buscando o bicho pro abate:
boca salivando, jogo na mesa,
corpos nus, sexo à flor da pele,
jorros nos lençóis, umidades,
nós dois entrepernas...
Saudades...
Vômitos e suores,
órgãos transplantados
peitos de silicone,
velhos fervores...
De ser tão real te aborreces,
fincando pé na mesma nota,
repetindo os mesmos motes,
atravessando as mesmas ruas
ou nem isso...
Engoles em seco a rotina,
o medo, a raiva,
o arrependimento,
a mágoa...
E os transmutas em doenças,
insônia, dor sem pancadas...
dor nas madrugadas
quando tua alma vagueia
e nada é tão irreal quanto
as tuas certezas,
guarda baixa,
tuas lágrimas inundando
o rosto no escuro,
nenhum vislumbre,
nenhum futuro...
fria cama, tateias
em busca de
um lume...
que sabes, não virá...
...e por quê?...
porque precisas da tua angústia,
precisas dos teus lamentos,
não queres a mão nos cabelos
e choras pra que as lágrimas
turvem a vista e impeçam
que vejas possibilidades...
ainda...
..."a vida sempre renasce"...
E mesmo nos desertos
há brisas e sóis e luas
há brisa e céus abertos...
e pálidas mãos à espera das tuas...
Realidade é o que você vê?
Ou o que eu vejo?
É estar perto, tanto
que nos diluímos no todo
e nos perdemos no dedão do pé?
É remar contra a maré?
É pensar que o corpo contém,
a salvação do tédio...
É estar a caminho e sempre
encontrando e perdendo,
apenas passando e lendo
em novos corpos, a mesma
fórmula incompleta,
bebendo da mesma água,
em diferentes fontes
e nunca tendo nas mãos
mais do que cheiro e gosto
e a carne saciada ...
Um corpo real de ver e tocar
desaparece em tanta presença
é ofuscado pela luz intensa
do fogo que queima as entranhas.
Ter vida real é sentar sobre
as pedras, até doer a bunda ?
Ser real é ver seus resíduos
descendo pelo ralo da pia,
comendo a ração do dia,
queimando as tripas?
Andando com pés cansados,
com olhos perdidos e sôfregos,
as carnes entrincheiradas
buscando o bicho pro abate:
boca salivando, jogo na mesa,
corpos nus, sexo à flor da pele,
jorros nos lençóis, umidades,
nós dois entrepernas...
Saudades...
Vômitos e suores,
órgãos transplantados
peitos de silicone,
velhos fervores...
De ser tão real te aborreces,
fincando pé na mesma nota,
repetindo os mesmos motes,
atravessando as mesmas ruas
ou nem isso...
Engoles em seco a rotina,
o medo, a raiva,
o arrependimento,
a mágoa...
E os transmutas em doenças,
insônia, dor sem pancadas...
dor nas madrugadas
quando tua alma vagueia
e nada é tão irreal quanto
as tuas certezas,
guarda baixa,
tuas lágrimas inundando
o rosto no escuro,
nenhum vislumbre,
nenhum futuro...
fria cama, tateias
em busca de
um lume...
que sabes, não virá...
...e por quê?...
porque precisas da tua angústia,
precisas dos teus lamentos,
não queres a mão nos cabelos
e choras pra que as lágrimas
turvem a vista e impeçam
que vejas possibilidades...
ainda...
..."a vida sempre renasce"...
E mesmo nos desertos
há brisas e sóis e luas
há brisa e céus abertos...
e pálidas mãos à espera das tuas...