SOLIDÃO DE UM PÁSSARO
Canarinho, amigo meu,
solitário,morimbundo, triste,
perdido no infinito do viver,
saudade intensa, da amada tens,
que se foi, flutuando ao vento,
em suas asas, embarcada,
à bailar no espaço sideral,
tal, qual, folha seca frágil,
no outono do tempo chegado,
como bailarina em traje de gala///
Dócil pássaro, perdeste ela,
sua amada, a um rival seu,
só lhe resta nos olhos, o pranto,
a machucar-lhe, corpo e alma...
Canta, canta, canarinho,canta,
canta e esqueças a amargura
que a solidão lhe trás, no bico...
Canta, mostres a força que tens
reinante no peito, afinal,
tu és feliz e não sabes///
Que a paz do teu doce canto
lhe seja felicidade à advir
de todos nós, animais...
Canta, pequeno amigo, canta,
és grande e puro de sentimento,
de olhar límpido e sintilante
como a estrela d´alva é,
no céu azul ou negro da vida...
Canta, querido amigo, canta,
tua tristeza tambem é minha,
minha amada tambem se foi,
e eu vivo a chorar o quanto tu cantas///