Bem-vindo às trevas
Bem-vindo às trevas
Não se preocupem falarei pouco
Pois a névoa está para voltar
No começo da noite
Vi a estrela que dediquei para alguém
Nesse momento o passado ousou me visitar
Chegou de mansinho
Deixei que sentasse ao meu lado
Conversando tocamos em um assunto
Que me fez derramar algumas lágrimas
Mas em seguida uma surpresa
Adivinham?
Era a solidão
Que na mesma hora entrou na conversa
Recordando que eu jamais havia chorado em vão
Meu coração ferido argumentou
Para que serve o amor?
Para se entristecer ou se alegrar?
Eu respondi: é melhor nem comentar
Lembrei do tempo
Que corações se martirizavam ao me encontrar
Olhares que se apaixonavam
E eu nem se quer quis notar
Graças a minha ingenuidade
Perdi grandes oportunidades
A melhor delas era de nunca ter existido
Pena que minha mãe
Não quis ouvir aquele que dizia ser meu pai
Se tivesse seguido seus conselhos
Quem sabe melhor seria
E por mim ninguém mais choraria
Minha mãe costumava dizer
Que quando eu crescesse
Um homem perfeito iria me tornar
Mas hoje crescido me pergunto, perfeito em quê?
Já que sou impuro e me odeio mais que o mundo
As noites chuvosas que não me surpreendem mais
Amenizam varias dores
E daqui a pouco muitos chorarão horrores
A maldade nem sempre é tudo
Disse-me o passado
E as mudanças?
Por que não tenta cuidar delas com esperança?
Eu disse outra vez
Foi por esse sentimento
Que lutei contra o tempo sem resultar em nada
A não ser um grande vazio trazido pelo vento
Solidão e passado
Se for para ser assim
Prefiro que saiam agora
O castigo que vou receber será divino
E nada mais disso me apavora.