Não sabes quem sou

Num momento de revolta pela maldade do homem contra a natureza... A Mãe Natureza dentro de mim sente, chora e fala:

NÃO SABES QUEM SOU

Destrua-me e encontre tua própria maldição!

Maltrate-me e sinta tua própria fúria!

Sangra-me e veja tua própria morte!

Podes agora não sentir, mas sinto por você a seiva

.escorrer-me pela superfície como o sangue escorrerá em ti.

Podes agora não sentir, mas sinto de ti a mão

.que corta e que bate e que apunhala a mim, a ti e aos teus.

Podes agora não ouvir, mas digo: perpetuarás tua

.maledicência por toda a eternidade.

Eu renascerei.

Podes agora pensar, pensar que tem, pensar que vive, pensar que pode.

Podes agora me ignorar e crer que para nada sirvo, além de servir-te.

Podes agora me violentar e dormir e esperar meu canto para acordar-te.

Podes agora me aprisionar e seguir e sonhar com o dia que irei liberta-te.

Podes. Podes. É claro que podes.

Podes tudo que quiseres.

Porém diante de mim nada serás.

Portanto, sem mim, nada terás.

Destruição, violência, dor.

Prisão, ignorância, horror.

És o que fazes.

Tens o que és.

Morre pelo o que tens.

Podes agora viver e morrer em mim.

Posso depois nascer e viver de ti.

Destrua-me, eu o amaldiçoarei.

Maltrate-me, eu o enfurecerei.

Sangra-me, eu ...

É! Eu posso.

Jacqueline Nascimento
Enviado por Jacqueline Nascimento em 09/06/2008
Reeditado em 04/08/2008
Código do texto: T1026112
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.