VERSOS DE ARMAS BRANCAS
PUNHAL
Não existe hoje!
Pois não há dia
Só há noite,
que não cessa.
Não há pulso,
Nem esperança:
Pedaço de vida
Na lembrança
É espinho
Veneno,
Punição.
Punhal
Ponta
Dor
Tu
. ( Vicente O. Vargas)
ESPADA
Não basta ao vencedor
fulminar com sua espada
o corpo agonizante...
É preciso tripudiar
sobre seus restos
como se muitas vezes
o matasse.
( maio de 1986)
ADAGA ( TOCAIA)
adaga à cintura
olho da noite
vigia a escuridão
olho do homem
na tocaia, sertão
quem vem lá,
é José, é João,
quem vem lá
logo conhecerá
uma outra escuridão...
GOLPE CERTEIRO
Tuas palavras
ferem fundo,
ferem limpo,
não deixam as carnes rasgadas
com jeito de consertar...
dividem minh'alma em partes exatas,
onde nenhuma sutura é possível,
pois não resta um ponto sequer
ao longo do corte
que não tenha sido
devidamente aparado rente...
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Armas brancas
deslizantes qual serpentes
frias, cortantes, na mão
de tantos valentes
também são frias as
grades da minha tristeza
e os lábios sem beijos
as mãos nevando incertezas
e tal qual silenciosas aves
meus pensamentos sob a chuva
vão rolando pelas calçadas
e são tão doídas as madrugadas
de corte ardente e fundo ...
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LANÇA
seu olhar de lança afiada
matou meu sorriso na nascente
ela veio zunindo certeira
atravessou minh' alma inteira
sou fino pó rumo ao poente
( Esta lança me atravessou... )