ADEUS!

 


Não farei um pedido  agoniado...
Chega de humor alterado!

Não ensaiarei um gesto delicado...
Chega de coração magoado!

Não esconderei o olhar desapontado...
Chega de bem-querer atraiçoado!

Não pronunciarei o verbo desejado...
Chega de sentimento abortado!
 
Não conclamarei motivo arrazoado...
Chega de discurso inflamado!

Não procurarei um ponto afinado...
Chega de pulsar desencontrado!

Não aceitarei o perdão atrasado...
Chega de momento adiado!
 
                                 Basta! Adeus.

 
Cansei de ser
Muro de arrimo
Que não rima com remo
Nem rima com nada!
Quero ser agora
O cabo da enxada,
O motor de arranque,
A mola,
O propulsor,
O desencadeador,
O tema.
Não mais o que sustenta
Mas o que se desvencilha.
Não mais o verso
Mas o verbo.
Não mais energia despendida
Mas calor aproveitado.
 
                                Cansei.
                                      Agora estarei descansada.
 
Você falou, tá falado:
Chega desse mote cansado!


 

 
Foto: Rui J. Santos ---- poema de set/2000

 
KATHLEEN LESSA
Enviado por KATHLEEN LESSA em 23/01/2006
Reeditado em 26/10/2013
Código do texto: T102557
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