Faces

Faces

Sandra Ravanini

Quando desponto real, espera-me o fim

nessa mesma pedra que invoca à sangria,

areia de miragem, tudo o que havia

vestindo os papéis e assinando o nanquim.

Volto à face a despedida que cego,

deixando a centúria no poema envolto

e redimindo o não saber do louco,

apago a luz indormida e apago o ego.

Fatalidade; fui outrora aquilo e isto

medindo a distância, perdida idade

anunciando os temporais da vaidade,

atando o anjo ao flerte, fui ouro e Mefisto.

Imagem renunciada, antiga ausência

consumando o vagar dessa voragem,

dessabendo que a última beberagem

goteja os rogos em límpida anuência.

08/06/2008