Anseios

Sofro hoje de febre branda

Há em mim uma chama mal intencionada

Uma brisa dormente me toca a alma

Fitando um relógio que nunca anda

Carregando uma mente desencaminhada

Pobre de mim que já não sei viver

Pobre de mim que já esqueci como se morre

A luz que me cega, não ofusca meus anseios

Meus sonhos já se tornaram insones

O sangue que me alimenta é o rio que corre

Pelo mesmo corpo que se entrega sem rodeios

As mãos mais alvas exploram ilusões

Meus pecados não permitem minhas orações

Como se anjos descobrissem minha falsa identidade

E brincassem com meus sentidos

Revelando-me meus segredos somente por maldade

Alucinações como um poço sem fundo

Sinto-me perdida em um mundo de espelhos

As cores me incendeiam

Rosas que me afagam

Mesmo com seus espinhos

E as folhas secas que me rodeiam

A dor que sinto... meu doce alívio

Todas as flores em reverência

Observam-me passar...

Mas eu só enxergo além

Saboreando as minhas últimas gotas de inocência