CONFUSO AMOR
Guardo o tempo,
O vento,
Um pouco de tudo.
Que cheira terra molhada,
Frutos silvestres maduros,
Corpos suados no labor,
No amor,
No horror.
Sou o cárcere que te priva,
Que te liberta,
Que te magoa,
Por motivo qualquer,
Em instante qualquer.
Sou um fragmento de tudo
Que te traz ódio,
Que te dá prazer.
Sou um pedaço do mundo,
Que gosta do teu cheiro,
Que gosta do teu corpo molhado.
Sou um apêndice insano, egoísta...
Um detalhe que te destrói um pouco,
Que te faz chorar,
Que te faz odiar,
Que te faz amar.
Sou para você um pouco de tudo,
Um pouco de nada.
Um corpo,
Um vulto,
Um desejo,
Um motivo de agonia,
Um motivo de satisfação.