Mendigo
Mendigo
Hoje cruzo o olhar no horizonte,
E o vazio acompanha a mente,
Perco-me no espaço onde só se vislumbra o nada,
Retraio o meu desembaraço e procuro minha almofada.
O árido palmilhar dos meus pés,
Segue um caminho sem rumo,
Um desconsolo penar neste mundo,
Onde não se acalentam memórias,
Onde a vida nos atraiçoa as histórias.
E o pouco sabor que vem,
Resume-se a um mísero vintém,
Que se agradece com um sorriso nos lábios,
Para disfarçar, à toa, um descolorido olhar,
O amor em vão e a vontade de sonhar,
Que nos segura hirtos à espera de nova tempestade,
Um infindável processo onde se gasta o resto da força,
O riscar de dias num hábito sem sentido,
O desfalecer do corpo perante uma mente de mendigo!
Nenúfar 4/6/2008