CONTRA A MARÉ
O que fazer agora
com toda essa poesia
que chegou sem avisar
e sem nada dizer, expulsou a paz?
O que fazer com a saudade
da noite de lua cheia
impulso de ventania
avanço de mar na areia
tortura doce, pele e desejo,
sangue ebulindo na veia?
O que fazer agora
com os versos que escorrem
do sal de um poema profano,
embriagado de vinho, de luz, de engano?