UM GRITO NO AR

Nas masmorras de granito

Vive o prisioneiro,

Nas masmorras de meu corpo

Vive minha alma,

Nas masmorras de ninguém,

Vive meu saber.

Dos confins do mato,

Dos confins do céu

Ouço teu grito!

Era o grito do homem

Que tem vida,

Era o grito do falso demente,

Era o grito do servo

Que encontrara a liberdade

No grito.

Gritei como tu gritaste,

Gritei de dentro do meu cadáver,

Gritei no direito de todo homem livre!

Talvez meu grito se perdesse

No eco efêmero,

No sólido granito,

Dentro de sua alma.

Mas, não importa,

Gritei do fundo da noite,

Do fundo do meu ser,

Do fundo de minhas masmorras!