Beira-Rio
Forte correnteza
estranha, dócil natureza,
Extrema, dura doçura
Num corpo sofrido,
Moído, molhado,
Bebendo o suor encarnado,
Queimado, sugado no peito,
Calando no leito
O gemido, a dor,
O suspiro do amor.
Beirando o rio,
Beijando o cio,
Versejando a incompreensão
Em cálida solidão,
Calada, calcada, alcunhada,
Recheada, dinheiro breve,
Corpo entregue
Num frêmito aguado,
Indesejado, humilhado.
Vem mulher corpo, intelecto Ser,
Subjetivado, emoção,
rompe o desrespeito.
Na fonte do rio banha o leito
Com sensibilidade
Exige liberdade.
Ecoa com todo encanto o teu canto
Em cada canto do campo,
Da cidade, do sertão,
Do Nordeste, do Brasil,
Beirando ou não, o rio,
Apreende o viver,
Sê partilha e aprender.
Autor: Edson Barreto Lima