Beira-Rio

Forte correnteza

estranha, dócil natureza,

Extrema, dura doçura

Num corpo sofrido,

Moído, molhado,

Bebendo o suor encarnado,

Queimado, sugado no peito,

Calando no leito

O gemido, a dor,

O suspiro do amor.

Beirando o rio,

Beijando o cio,

Versejando a incompreensão

Em cálida solidão,

Calada, calcada, alcunhada,

Recheada, dinheiro breve,

Corpo entregue

Num frêmito aguado,

Indesejado, humilhado.

Vem mulher corpo, intelecto Ser,

Subjetivado, emoção,

rompe o desrespeito.

Na fonte do rio banha o leito

Com sensibilidade

Exige liberdade.

Ecoa com todo encanto o teu canto

Em cada canto do campo,

Da cidade, do sertão,

Do Nordeste, do Brasil,

Beirando ou não, o rio,

Apreende o viver,

Sê partilha e aprender.

Autor: Edson Barreto Lima

Barretinho
Enviado por Barretinho em 03/06/2008
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