FANTASIA

Não era carnaval nem nada

e tu vieste mascarado

de pierrô, sentimental

em lágrimas derramado,

mal-amado.

Qual colombina, alegre e bela,

ouvi teus lamentos.

Compadeci-me dos tormentos,

acolhi a tua trela

sem enfado.

O tempo desfez-se em momentos...

Tua farsa se desgastou

na repetição sem eira nem beira

de uma cantiga fuleira,

um fado dissimulado.

Rasgada a fantasia, máscara lavada,

surge um cínico arlequim,

de riso safado, malvado...

Do torpor eis-me despertada:

o meu sonho chegou ao fim!

Lina Meirelles

Rio, 03.06.08