Semente

Como folhas ao vento

os dias passam descontentes.

Voam alheios ao sol

e carregam consigo as sementes.

Sementes que deixaram o lar

fruto de uma flor que murchou.

Mensageiras infelizes são elas

de um amor que terminou.

Amor que se abriu em flor

e cantou a pimavera um dia,

supondo que as estações vindouras

seriam de pura alegria.

Então quando frutos viviam,

a verme surgiu traiçoeira.

Nada sobrou do seu doce,

alegria findou-se em poeira.

Poeira que cobre a memória

e encobre o choro contido.

Quem dera o amor que sonhei

nunca me houvesse partido.

No entanto, pra mãe natureza

nada se perde da gente.

Flor que se abre dá fruto,

fruto que seca vira semente.

E o vento que agora nos sopra

carrega em si o alento.

Semente bendita e fecunda,

remédio pro nosso lamento!