Madrugada.

Nesta madrugada fria onde não sinto solidão

Deixo o meu pensamento vagar pelas paisagens

por onde eu passei.

Talvez apenas eu tenha visto aquela borboleta sair do casúlo

na cerca apodrecida perto do riacho!

Talvez apenas eu tenha desfrutado no alto daquela colina o cheiro de erva doce que floresceu ali bem perto das rochas onde escrevi meu nome com carvão!

Talvez eu tenha chegado até aqui apenas pra me recordar das sutilezas da criação e ver que finalmente hoje, a garoa, a grama, o som dos pirilampos: eram músicas, eram carinhos que guardei em meu coração e no meu tato, no meu paladar, no meu olhar, na minha audição. Ficaram na alma tais cuidados do criador.

Talvez, apenas talvez, eu possa fechar meus olhos e voltar naquela mesma fonte de água que formava aquela piscina e lembrar cada olhar e cada gesto de meus amigos e volta na rodoviária, choradeira, algazarra e tantas mochilas repletas de sonhos!

Talvez nessa madrugada a vida tenha se tornado tão mais leve que aquelas mochilas..talvez já não hajam tantos sonhos!

Mas ainda há vida!

E como é bom ter essa madrugada para recordar o que vivi

e relembrar os velhos sonhos já tão empoeirados e alguns já esquecidos.

Uma madrugada sem solidão, sem medo, sem pesares apenas a espera de um novo amanhecer..E o amanhecer o que será não sei!

Mas sei que além de mim sempre haverá paisagens e gente que eu amei!

Cristhina Rangel
Enviado por Cristhina Rangel em 03/06/2008
Reeditado em 03/06/2008
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