CONCRETO
CONCRETO
Sandra Ravanini
Barganhar com o sedento estilhaço
o concreto, distúrbio em defesa
derruindo as alegorias na aspereza
confessa, se a boca bebia o olhar baço.
Aguaçais inundando o colosso
e as sanhas ceifando a pele daquela
salina encravada na sentinela
aziaga, abrindo as cancelas do fosso.
Livrar o dormido ressentimento,
perceber-se bálsamo e mordexim
desdourando o ultraje e crônico alastrim
no abismo onde o fim cura o ferimento.
Argumentar com aquela boca do céu
dissolvendo a língua desiludida,
burlar o estilhaço da sombra ofendida
na escuridão da disturbada Babel.
01/05/2008