Ciranda da Vida

“ O ócio é uma possibilidade infinita a ser explorada”

Lia Luft

Pela segunda vez,

andei

fazendo o mesmo percurso.

Tudo estava diferente,

eu mais centrada,

cuidadosa.

Encontrei vultos apressados,

contidos na ânsia do fazer.

Pela janela do ônibus,

vida a correr.

Pessoas,

no observatório da calma

passam rapidamente.

Uma parada obrigatória

me fez refletir,

o tempo que entretera

sem viver cada momento.

Vã confiança,

a eternidade terrena não existe

insistimos numa vida sem maiores sentidos,

uma longa estadia .

A dádiva do hoje

nos acolhe, nos acalma

sem preocupar que o amanhã,

está sendo moldado,

molhado

com as presentes ações

contrapõe a todo instante

intenções.

Almas defrontadas,

expostas,

sem sossego

num leito.

Amplos corredores

por onde levam

uma a uma

as macas,

opacas

luz por fora,

medo por dentro.

Olhar o teto.

Passam os segundos.

Um lance,

o outro.

Bip. . .

ecoava pela intensa sala de centro cirúrgico,

que alívio !

Era meu coração que batia.

Acordei.

2007

Aglaé Meinberg
Enviado por Aglaé Meinberg em 03/06/2008
Código do texto: T1017339