Ziguezagueando

Ziguezagueando

Nas quebradas

Do mundaréu

Na noite perdida

De insônia

Vago feito

Alma penada

Uivo feito lobo

Para espantar

O medo

Que o vento

Num açoite

Traz-me em rajadas

Em frente à porta

Do cemitério

Ouço um gemido

Que vem

Com certeza

Das profundezas

De um corpo

Sem mais serventia

É meia noite

Na noite perdida

Quero correr

E não posso

Minhas pernas

Não se movem

Meus pés

Grudados estão

Ao chão

Que há

De um dia

Abrigar-me

Sob sete palmos

Mas não agora

Por favor

Dona Morte

Deixe-me ir

Senhora do destino

Não me apareça

Agora

Não é hora

Muito tenho

Que ainda fazer

Nisso

Passa um taxi

Eu de onde não sei

Dei um grito

Taxiiiiiii

Ele parou

Meus pés

Do chão desgrudaram

Entrei no taxi

E falei

Pra a Lapa mano

O taxista falou!

Demorouuu

E fomos

Eu tremendo

Ele rindo

Antes da Lapa

Na Pompeia

No bar do Souza

Que não fecha nunca

Parei

Saltei

Pedi um conhaque

Serviram e eu tomei

De um gole

Feito Cow Boy

Pedi outro

Outro veio

Dei um gole

E o gosto senti

Estou vivo

Ainda bem

Paguei

Peguei o taxi

E até chegar em casa

Nada falei

Quando cheguei

Perguntei

Quanto é?

Paguei

Desci

E entrei

Graças a Deus

Amem!

ABittar

poetadosgrilos