Obsessão

Obsessão

Sandra Ravanini

Oficiar-me; um oásis expelindo a obsessão

vertical, enliçador amor que eu não meço

qual a desavença insuspeita ao desconfesso

resíduo das sobras benevolentes dessas mãos.

Obscurantismo abjeto; um reboco ciumento

escavando no concreto das entrelinhas

a discórdia granulada das suas rinhas

no lêvedo onde redigo do meu fermento.

Obcecar-me; paralelas na contramão...

indisposta quando não, avulsa porquanto sim

endividando a eternidade ao negro alastrim,

igualando agora a minha errante abjeção.

Obsequiar-me; plástico vilão, asco e dilema

no oásis endividado, a vertical caindo no chão

quando sim, sobras da benevolente obsessão;

um alfenim bebendo o abscesso do último poema.

19/05/2008