a conta da vida
nao ouso mais sonhar
tao pouco deliro
nao tenho pesadelos
nem ilusoes
respiro
isso basta
me satisfaz plenamente
'e a conta da vida
que eu vivo impunemente
rodopio
tonto
cambaleio
beijo bocas
toco seios
como se fosse o que eu preciso
mas ainda tenho lagrimas
e um sorriso
tenho sono
e tenho rancor
pela dor
pelo abandono
tenho um grande amor guardado
sem dono
tenho planos desfeitos
desenganos
defeitos graves
obstaculos
pedras
entraves
uma sensatez irrelevante
guardo uma loucura
de muitos anos antes
um espaco no peito
pra outras amantes
ate que um dia
eu va embora
sem despedida
despercebido
pra qualquer outro lugar
muito distante