Perco meus sentidos
Sentir
de manhãzinha as borboletas
prateadas (lançadas ao chão
pelas suaves mãos infantis,
tão inocentes, pelas mãos
pintadas de esmaltes,
mãos de estudantes
cheios de risinhos)
borboleteando pela calçada,
junto ao aroma amargo
do novo chão ácido
é como
estar repleta de morte.
Não
é uma morte natural
Mas sim aquela morte
científica
estudada, elaborada e
feita para tudo e todos
para que nada mais
se recicle
para que tudo seja
imóvel e retilínea
tábua de concreto.
Para que tudo seja
igual.
Nada
particular:
Nada de todos.
Mas tudo rumo
a des-peito
rumo ao excesso do nada.
Sinto-me nada
Sinto nada
ao pensar que sinto
as borboletas de plástico
sendo levadas pela
água imunda da chuva
rumo ao tudo,
levando o nada humano.