As lágrimas de um anjo covarde
"Minha verdade. Minha liberdade."
As lágrimas molharam,
meu rosto.
As lágrimas falaram,
o oposto.
(daquilo que eu falava)
As lágrimas dissolveram,
a máscara.
(que eu vestia fazendo graça)
As lágrimas desfizeram,
a minha farsa.
(que eu mantinha sempre intacta)
As lágrimas desnudaram,
o meu mundo.
(repleto de escudos)
As lágrimas descreveram,
meus abusos.
(de corpo e de alma)
As lágrimas demonstraram,
o que há de mais profundo.
As lágrimas inundaram tudo.
Escorriam como elas:
-minhas dores,
-desamores,
-saudades e,
-quimeras.
As lágrimas foram,
o meu completo absurdo.
Completude de minha mudez,
minha fala sensata,
incontida e inexata.
As lágrimas misturavam-se,
com soluços.
As lágrimas representavam,
minha covardia assistida.
As lágrimas foram,
minha maior demonstração de coragem.
Minhas lágrimas,
transformaram-se em asas.
Minha desumanização,
tornando-me,
uma divindade.
"Minha verdade. Minha liberdade."