Ah! Querido papel em branco
Ah papel em branco,
Como podes ser tão meu amigo?
Como podes me entender tão bem?
Como sabes sempre o que de dentro me vem?
Letras absolutamente soltas
Absortas em si mesmas
Transbordam do cálice
Meus sentimentos
Unem-se como algemas
Ligadas, grudadas
o papel e a palavra
Vão se delineando,
A cada toque do teclado
Dando forma, em emoções disformes
Dando vida, a quem não tinha nada,
Apenas espaço.
dando cor
Branco, preto...todas as cores em uma,
ou nenhuma,
ausência delas.
Posso sentir o sabor,
doce amargo de tuas letras
às vezes, gosto de anis estrelado
chocolate ou abricó
outras, de cidra, mas detesto jiló
Sinto o cheiro de sândalo
Madeira crua
De dama da noite, que me encanta
Letras dispostas em versos,
Desnudam o avesso
E no papel em branco transformado
Posso ver o quadro pintado
Perfeito, terminado.
(01/03/01)