PORTAS DE MAIO
"Maio, você está vendo, já vai indo... indo... logo virá a florada dos ipês (gosto das amareluras dos ipês), as chuvas de setembro já estão sendo gestadas, estão logo ali, além da montanha escura do inverno. Mas estão em estoque... você sabe! Ninguém perde senão o tempo que tem, e o tempo que se tem é o agora, o quando..."
Portas de maio que se fecham
sobre tudo que não floresceu
o verso engasgado ferindo a garganta
a frase incompleta reticente
a mão que se retraiu
a voz que calou suas flores
o riso encobrindo o medo
Portas de maio quem as fechou?
Fui eu foste tu, foi desencanto
foi o vento que sem querer
varreu os dias e os fez
cair celeremente qual castelos
de cartas, enquanto eu,
enquanto tu, éramos tragados
pela indecisão?
e este junho já se prenuncia
em gélidos horizontes
Será o derradeiro frio
matando a chama frágil
crestando a folhagem
cortando a passagem
para uma primavera ainda possível?
As chuvas de setembro ainda tardam,
e eu sinto somente o frio da alma
e temo a primavera que virá
após este inverno, pois se
sou planta a morrer
ainda em semente,
serei na estação florida
apenas secura e morte
sob linda árvore
de flores amarelas...
"Maio, você está vendo, já vai indo... indo... logo virá a florada dos ipês (gosto das amareluras dos ipês), as chuvas de setembro já estão sendo gestadas, estão logo ali, além da montanha escura do inverno. Mas estão em estoque... você sabe! Ninguém perde senão o tempo que tem, e o tempo que se tem é o agora, o quando..."
Portas de maio que se fecham
sobre tudo que não floresceu
o verso engasgado ferindo a garganta
a frase incompleta reticente
a mão que se retraiu
a voz que calou suas flores
o riso encobrindo o medo
Portas de maio quem as fechou?
Fui eu foste tu, foi desencanto
foi o vento que sem querer
varreu os dias e os fez
cair celeremente qual castelos
de cartas, enquanto eu,
enquanto tu, éramos tragados
pela indecisão?
e este junho já se prenuncia
em gélidos horizontes
Será o derradeiro frio
matando a chama frágil
crestando a folhagem
cortando a passagem
para uma primavera ainda possível?
As chuvas de setembro ainda tardam,
e eu sinto somente o frio da alma
e temo a primavera que virá
após este inverno, pois se
sou planta a morrer
ainda em semente,
serei na estação florida
apenas secura e morte
sob linda árvore
de flores amarelas...