Baco e o romance dos alfinetes
Com um dos pés sobre a terra,
e um dos pés sobre as águas,
escrevi lembranças, tão sem graça,
Na pele gasta de teu corpo antigo.
Porque não restando mais superfície
confiável em que se possa escrever,
sobrou apenas meu sangue manchado
e tua pele alva por onde posso falar.
Como serão esses olhos de perto?
Esses que afrontam minha impáfia eterna?
Tenho medo de ver o que há lá dentro
e descobrir o que sou de verdade.
Melhor eu fingir que flutuo
sobre a terra e sobre as águas,
fazer de conta que meu papel é teu corpo
e que nos conhecemos de verdade.
Por muitos anos.