O vazio e as formas
Preencherei os vazios
Com as lembranças
Do que foste um dia,
Não do que és.
Já não existe poesia
Nesse teu passar ao largo;
Neste meu dolorido
Curvar a teus pés.
Traçarei das velhas imagens
Recordações belas
Que mereçam ser guardadas
Nas gavetas da alma;
Arabescos dourados
De um amor que prometia
Ser mais que palimpsesto
Mais que a escrita arredia
De um descontínuo adeus;
Mais do que todo o silêncio
Mais que toda indiferença
Plantada nos olhos teus.