DESEJO

Queria muito transcender os limites

do que a ciência desconhece(ainda), mas desconfia a tempos,

e perpetrar o crime de uma viagem quântica, a furtar momentos,

só pra ter a chance de estar aí de novo, de passagem, sem demora,

olhar para meu sorriso surpreso, leve e solto ao vento,

na companhia da memória de um tempo,

que se perdeu de repente, ou foi roubado, relativisado,

e despertar por dentro um desejo abafado, contido, calado,

e fazer assim meu coração feliz!

Queria muito compreender a vida, e o desafio posto,

que não perdoa sentimentos ou paz, e sem piedade desafia

aquilo que se evitava encarar por medo ou desgosto;

não, não foi assim que aprendi contigo, a ver a luz, tê-la em mim,

a ver aquilo que a alma ao amor pleno empresta e tira - onde foi?

Ao me perder de ti e de mim, fiquei de costas, me contrapuz

e sem piedade daquilo que eu mesma sentia, à tua sombra,

deixei fluir como num córrego de mágoas, suas águas,

a dor sentida e sem sentido, que ainda agora me seduz.

Ao desejar voltar no tempo, me ofereço ao risco do reviver,

sirvo-me do sonhar, viver, voltar, qual doença, que contamina

que chega e pará, e demora a passar, enganando a razão,

abrindo um espaço, curado há muito, que com crueldade fascina,

nada há no coração, mais do que sempre houvera,

há sempre a chance do encarar de novo, e perder, ou ganhar?

Apostar na razão de quem fui e por quem aos pedaços, parti.

Ao novo reencontro iria às pressas, mas estarias lá?

Quem dera!...

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Anadijk

Houten, 28/05/2008