INQUIETA
Não sei bem porque escrevo ou para quem o faço,
creio que na razão interna, quieta ou inquieta
de quem já não consegue conter desejo e traço,
deixo-me liberar a mente e dar vazão à alma,
que de tanto desassossego, impiedosa, inquieta,
perturba o momento de quietude,
e libera ao papel as emoções e o destino em limitado espaço.
Não sei bem porque pergunto, mas se aqui eu posso,
passo a divagar sobre algo que sei já ser meu,
talento, vontade, expressão de liberdade, enfim,
não há perguntas e divagações dentro da vida,
que não as veja refletidas em mim,
e em tudo aquilo que de passagem me atinge,
espelhadas, na essência do que ao escrever endosso.
Dúvida sem resposta, e esta, às vezes perdida,
ou nem sempre definida como algo concreto,
idéias, inspirações ou devaneios, procura-se!;
o escrever é breve, solitário, sempre cheio do “eu”,
que fala, que escuta e que interfere, sempre,
na composição de pedaços de uma estória a nascer,
na visualização do que se passa em um momento da vida.
Certeza há porém, de que o fazer é mágico, e belo,
na conjunção de momentos e idéias que se fundem e brilham,
na esperança vã de que a alguém inspire, e mude
o divagar de um pensamento que se deixar se perde,
na companhia triste de um não acreditar prematuro, e rude;
vai, deixa fluir, que a obra sela, o "poderia" e o "foi" - puro deleite,
consagração serena, de quem por dentro ousa e reconhece o elo.
À criação não há limites possíveis, por isso é imensa e eterna!
Anadijk
Houten, 28/05/2008