O Cônsul de Cá

O Cônsul de Cá

Olhei o meu caderno de louvores,

E encontrei a folha vazia,

Nem lindas palavras nem ‘se faz favores’,

Nem nomeações de nomeada,

Nem de nomeada , nem de nada,

Nem nenhuma assinatura aprovada,

Nem carimbo com o meu nome,

Nem rabiscos , de qualquer diploma.

Meu cartão do doutor,

Constata que meu sangue não é azul,

Não tive a sorte de nascer no sul,

Também não sou da capital,

O que me leva logo um quarto do astral,

E quando me fazem a tabuada à idade,

Colocam mais cinco pontos na caducidade,

E descobriram que meu código postal nem é de cidade.

Perante tanto azar,

Só me deu para rir, e hoje nada de chorar,

Vou nomear-me Cônsul de alguma coisa,

Assino por baixo e carimbo com o meu indicador,

E para que todos saibam ,

Vou publicar o decreto na parede do meu corredor,

Senhor Excelentíssimo Cônsul de Coisa Nenhuma,

E agora assino com minha caneta feita de pluma!

Nenúfar 26/5/2008

Nenúfar
Enviado por Nenúfar em 27/05/2008
Código do texto: T1007938
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