Outra dose, amigo.
Uma dose de whisky, pedi.
é tão fria essa noite,
esse vento, um açoite,
tentei pensar, desisti.
Me entreguei ao prazer
da bebida que esquenta
o meu peito que aguenta
o meu modo de ser.
Mais um dia sem brilho,
sem calor nem magia,
nem bom pai nem bom filho.
Não fui nada que minha filha pedia.
Cada sonho adiado,
cada beijo não dado,
é um soluço escondido
de um homem perdido,
de um homem cansado.
Outra dose, amigo.
Hoje preciso beber
talvez até para esquecer
não o que fiz comigo,
mas o que não pude fazer.
Como se nada existisse,
fiquei brigando comigo,
gritei, para que ele me ouvisse
OUTRA DOSE, AMIGO.